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"Temos promovido acções que fortalecem a agro-ecologia" José Matsimbe, técnico de agricultura da ABIODES

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Numa altura em que preserva o meio ambiente é cada vez mais necessário por conta das mudanças combinadas de efeito estufa, afigura-se primordial que o Homem adota novas formas de desenvolver como suas atividades sem interferir negativamente na saúde do ecossistema. Apermacultura éuma tecnologia capaz de responder essa necessidade de novos hábitos a serem adotados pelo ser humano.

Foi pensando nisso, que a Associação Para DesenvolvimentoSustentável (ABIODES) conduziu os seus parceiros, produtores agrícolas e pecuários à vista ao Instituto de Permacultura de Moçambique (IPERMO), para troca de experiência.

Carlos Fumo, diretor executivo do IPERMO, explicou, na ocasião, que "uma permacultura é uma tecnologia que se usa em vários campos, na produção de comida, gestão de água, energia, bio construção (construção uma amiga da natureza).“ É uma construção amiga da natureza. área de conhecimento que, quando bem aplicada, garante a preservação do ecossistema. Esta ciência permite que enquanto se produz contribui-se também para a riqueza dos solos e consequentemente do meio ambiente ”, referiu Fumo, informando que“ uma outra vantagemtem a ver com o fato de se produzir mais com poucos custos e sem a utilização de produtos químicos que matam o solo e o homem lentamente ”.

O diretor executivodo IPERMO disse ainda que este sistema de produção pode ser usado em qualquer realidade, “porque permite a regeneração do solo, sendo a região de Maúbo, em Boane, província de Maputo, um exemplo claro disso. É o ponto onde estálocalizado oIPERMO, por ser uma zona em que a proteção é escassa e a água subterrânea é salobre, o que significa que não há água adequada para a prática da agricultura. Mas, garante Carlos Fumo, “existe uma prática de captação e reserva de água da chuva para a época seca, chegando a se armazenar mais de 1 milhão de litros”.

Perguntado se a ciência da permacultura é conhecida pelos produtores locais, Fumo respondeu afirmativamente sustentando que isso se nota pelos "quintais permaculturais", denominação atribuída às famílias que praticam essa técnica nos quintais das suas casas. Lamenta, porém, o fato de ainda existirem libras, na cidade e no meio rural, com conhecimento sobre a permacutura. Por fim, indic-se feliz por receber produtores agrícolas e pecuários levados pala ABIODES, ao instituto por si dirigido.

José Matsimbe, técnico de agricultura da ABIODES, realça que além desta visita que visava a troca de experiências entre produtores de cadeia de produção de hortícolas e reforpráticas agro-ecológicas, no que diz apromoção de boaspráticas agro ecológicas, a ABIODES, tem trabalhado nos distritos municipais Kamavota e Kamubukwane, usando umametodologia denominadaFormaçãoAgrícolaParticipativa, dando aos produtores uma possibilidade de identificar os problemas e como possíveis soluções locais e sustentáveis, também temido promovido feiras agrícolas em que fica aberta a possibilidade de venderem a sua. No entanto, dá-se maior destaque aos agricultores agro-ecológicosatravés de banners, panfletos e outro material publicitário demodo incentivo aos produtores a seguirem a produção agro-ecológica.

A Associação Para Desenvolvimento Sustentáveltambém tem trabalhado com jovens e uma das razões para que se aposte nesse grupo etário tem a ver com a falta de emprego que assola a juventude. “É uma forma de contribuir para a redução do desemprego, pois nós sabemos que os níveis são alarmantes”, considerou Matsimbe.

Por isso mesmo, na deslocação promovida pela ABIODES, estava Silva Mabote, que se interessou pela agricultura aindaem tenra idade, quando foi convidadopela avó materna à machamba: “nesse processo, eu cuidava da rega e pedi alguns canteiros a minha avó para que na época da colheita pudesse ganhar algum valor que serviria para o lanche na escola e lá tive consciência de que podia ganhar dinheiro com a agricultura. E até agora, estou a pagar algumasdespesas do dia-a-dia e pagar a faculdade”, afirmou.

No entanto, lamenta o problema crescente de falta de espaço para o desenvolvimento das suas actividades, na cidade de Maputo: “as residências estão a tomar os espaços onde se praticava a agricultura”.

Mabote mostrou-se feliz por ter conhecido a permacultura, pois num espaço pequeno pode se produzir muito, o ciclo das culturas é curto, a produção tem mais qualidade e isso, diz o produtor,“é um ganho para quem prática a agro-ecologia” e revela: “gostaria de implementar o sistema de tanque que serviria para armazenar água na sua machamba”.

Pela pecuária também há interesse. André Zunguze é produtor de frango. Relata que o interesse pela criação surge quando notou que na sua casa havia uma capoeira abandonada pelos seus pais e viu ali uma oportunidade de negócio. Para o efeito, elaborou um projeto que apresentou a dois amigos e estes “alojam o seu plano e continuão até hoje”. Manifestou-se também impressionado com a forma como se produz peixe desejando colocar na prática assim que condições financeiras lhe forem favoráveis.

Ainda há pouco conhecimento sobre os malefícios dos produtos agro-pulverizados.

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O desconhecimento sobre os problemas que podem advir do consumo de hortaliças pulverizadas com agro-tóxicos, por um lado, e sobre as vantagens do consumo de produtos com qualidade biológica, por outro, ainda hoje um desafio importante a ser ultrapassado, em Moçambique. Trata-se de um problema que afeta, inclusive, como zonas urbanas do país, segundo constatações ocorridas da Reflexão sobre a Certificação de Produtos Orgânicos, realizados em finais de Junho e princípios de Julho deste ano.

A reflexão, destinada aos produtores e intervenientes do setor da agricultura ecológica das Cidades de Maputo e Nampula, contou com a facilitação do consultor brasileiro Laércio Meirelles.O facilitador, promotor da agro-ecologia e co-fundador do Sistema de Certificação Participativa outro ser importante que organizações como a ABIODES lideram o processo de disseminação de informações relevantes sobre a pertinência da agro-ecologia, de modo a melhorar a condição sanitária dos consumidores, ao mesmo tempo que aumenta a renda dos produtores.

Por sua vez, os organizadores sublinharam a importância dos produtores da cidade de Nampula reformam a implantação do sistema de certificação, na província, tendo como base a experiência de Maputo, sem no entanto, ignorar os aspectos da realidade local.

A reflexão aconteceu em formato híbrido - presencial e virtual - tendo contado com a participação de actores da agricultura urbana da Cidade de Maputo (ABIODES, Conselho Municipal, Africarte, Kosmoz, União de Associações Agro-pecuárias, Engenharia Sem Fronteira, Serviço de Actividades Económicas da Cidade de Maputo e agricultores) e da Cidade de Nampula (ABIODES-Nampula, ESSOR, Gabinete de Zonas Verdes, Serviço Provincial de Actividades Económicas, Serviço Distrital de Actividades Económicas, Instituto de Investigação Agrária de Moçambique - Nampula e agricultores).

Ensaios ajudam a minimizar Salinidade de Solos

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Três ensaios com vista a mitigação da salinidade dos solos estão a ser realizados por igual número de associações agrícolas da Cidade de Maputo. São ensaios iniciados, recentemente, e promovidos pela Associação para Desenvolvimento Sustentável (ABIODES), Weltweit, Conselho Municipal de Maputo e Faculdade de Agronomia e Engenharia Florestal da Universidade Eduardo Mondlane, envolvendo a Associação Massacre de Mbuzini, a Associação Tomás Sankara e a Associação Costa do Sol, todas do distrito municipal KaMavota.

O objectivo do projecto, que decorre no âmbito daEstratégia de Mitigação de Salinidade de Solos no Sistema de horticultura nas Zonas Verdes da Cidade de Maputo, sob a égide das entidades confessadas, é minimizar a salinidade dos solos com vista a melhorar os seus níveis de produtividade . Assim, definiu-se seguir as culturas e insumos mais usados ​​pelos agricultores como o caso de couve e alface e aplicação de estrume de galinha e o composto inorgânico NPK .

Com efeito, têm lugar proporcionando a transmissão e troca de experiência relativamente teoricamente orientados para mitigação de salinidade de solos, trazendo os resultados alcançados nos ensaios científicos como matéria de discussão com recomendações para os seguirem.

Foram elaborados redes estratégicas com instituições nacionais e internacionais com vista a potenciar a troca de experiência com outros projetos que tem enfoque sobre a mitigação de salinidade de solos na agricultura. Houve também atrasmbios com o projecto RESADE (IIAM - Instituto de Investigação Agrária de Moçambique), orientados para o desenvolvimento do Centro de Melhores Práticas que transfere tecnologias para estudantes que enfrentam stress de salinidade, incluindo tecnologias que tem que ver com alteração de solos, uso de novas culturas e variedades, fertilização, irrigação, lixiviação e gestão de culturas.Os resultadosmbios envolveram visitas ao campo experimental do projecto RESADE montado, no distrito da Moamba, província de Maputo, e visitas aos ensaios científicos do projecto SaliHort, no distrito municipal KaMavota, cidade de Maputo. Os dois projetos concordaram em fortalecer uma parceria, buscando financiamento para realização de atividades conjuntas bem como a consolidação das ações em curso.

Á luz deste projecto, alguns indicadores da salinidade de solos através de uso de equipamentos sensoriais foram monitorados. Trata-se de equipamentos portáteis introduzidos e distribuição a disposição dos técnicos extensionistas e agricultores, permitindo que, com alguma facilidade, se faça o monitoramento da situação dos solos no local e se tomem decisões em relação ao desenvolvimento da atividade agrícola.

“Nossas intervenções estão a trazer muitos benefícios aos produtores”

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- Alberto Luis, Oficial de Agricultura e Segurança Alimentar da ABIODES, em Grande Entrevista ao Boletim Informativo.

A Associação Para Desenvolvimento Sustentável (ABIODES) é umaorganização não governamental que atua nas áreas de Agricultura e Segurança Alimentar, Ambiente e Recursos Naturais e Lobby e Advocacia para Desenvolvimento Sustentável, há mais de 20 anos. É umareferência quando se fala deagro-ecologiano país. Neste contexto, a equipa editorial do Boletim Informativo da ABIODES entrevistou o Oficial de Agricultura e Segurança Alimentar, Alberto Luís, sobre questões ligadas a Agricultura Urbana, a Certificação de Produtos Orgânicos e a Mitigação de Salinidade de Solos, temas que foram bastante evidenciados nas actividades desta instituição, ao longo do semestre passado.Na entrevista, Luís aborda, com detalhe, sobre os principais projetos nos quais a ABIODES está integrado e explica alguns aspectos sobre a Agro-ecologia com destaque para mitigação da salinidade de solos, para além de apresentar uma radiografia sobre os efeitos da COVID 19 no desenvolvimento agrícola, em geral, e no funcionamento da instituição, em particular.

Boletim Informativo (BI) - Uma das marcas da ABIODES tem sido a sua participação ativa no processo de concepção do Plano de Agricultura Urbana. Comecemos mesmo por aí. A questão é: o que é Agricultura Urbana e como ela surge em Moçambique e no mundo?

Alberto Luís (AL) - Primeiro, devo explicar que a agricultura urbana vem desde o tempo da ocupação colonial em Moçambique. Portanto, ela não é de hoje. Existe há mais de 100 anos e é praticada nas nossas cidades mas com finalidades diferentes. Se antes da independência o moçambicano produzia para o suplemento alimentar das famílias do senhorio, falo do colono, seus patrões, depois da independência, o mesmo moçambicano passou a produzir para a suaprópria subsistência. Actualmente, cerca de 14 mil famílias da Cidade de Maputo têm a Agricultura Urbana como a sua principal fonte de renda e emprego para alimentar cerca de 3 milhões de pessoas que circulam na capital, entre residentes e visitantes do mundo inteiro.

BI - O que é necessário para se ter uma Agricultura Urbana Sustentável?

AL - Bom, para se ter uma agricultura urbana sustentável é preciso que se desenvolvamprojetos semelhantes ao “Plano da Agricultura Urbana - PAU”. Este é um instrumento elaborado de forma participativa pelos diferentes atores, em que se definir, de forma estratégica, onde pretende chegar e de forma operacional, onde se vai agir conforme os segmentos da cadeia de valor.

BF - Como está o processo de certificação de produtos envolvendo a ABIODES?

AL - Olhando pela forma como o processo se tem desenvolvido, penso que está num bom caminho. Estamos em fase de consolidação e expansão do seu uso para outras cidades como é o caso de Nampula. Os sinais que nos chegam são bastante encorajadores e acreditamos que passos importantes poderão ser dados a curto-médio e longo prazo. Salientar que, durante a sua implementação, tem se procurado adaptar o processo de certificação aos contextos locais e dinâmicas existentes.

BF - Como isto se processa?

AL -O sistema privilegia visitas de verificação do cumprimento das normas agro-ecológicas que é feito em 3 níveis. O primeiro que é o de visitas de pares, em que os produtores se incentivam na melhoria da aplicação de práticas agro-ecológicas, através de visitas que fazem entre si. No segundo nível, há visitas de verificação, onde uma comissão constituída por agricultores, instituições públicas, privadas, ONG´s do sector agrícola, consumidores e outros realizam visitas aos agricultores para, igualmente, verificar o nível de cumprimento das normas agro-ecológicas e, no final, emite-se um relatório com o parecer e por fim a comissão de ética, órgão que gere o sistema, emite certificados de conformidade e autoriza o uso do selo orgânico.

BF–A problemática da salinidade dos solos é um grande entrave ao rendimento da produção agrícola, no nosso país. A ABIODES está envolvida em intervenções importantes com vista ao combate a este problema. Quais são, afinal, os benefícios de combater a salinidade dos solos?

AL (Acena positivamente com a cabaça) –Sim, o que diz é mesmo verdade. Temos muita terra arável por este país afora. Mas preocupa-nos que ainda haja casos de terra com níveis de salinidade muito altos. Aliás, é importante sublinharque a salinização é um dos principais motores da degradação da terra a nível mundial, com consequências devastadoras para a produção agrícola e o funcionamento dos ecossistemas.E há números que mostram isso. Por exemplo, estima-se que existam cerca de mil milhões de hectares de terra afectada por este mal em todo mundo, o que deixa bem claro que o seu combate é de suma importância. Agora, respondendo a sua questão: olha, osbenefícios do combate a salinidade são vários, entre eles a preservação da produtividade e consequentemente a garantia da continuidade da prática agrícola, renda e emprego para as famílias que, no dia-a-dia, dependem da terra; mas também há as restaurações das propriedades dos solos. O facto é que, muitas vezes, os agricultores, vendo-se em meio a solos salinos, optam por abandonar ou mudar. Então, a dessalinização vem mostrar que é possível aproveitar todo e qualquer tipo de terra reduzindo assim a ociosidade.

BF - Qual é o feedback que se tem dos produtores em relação às várias intervenções da ABIODES?

AL -Ofeedbacké positivo. Muitos produtores que se beneficiaram das nossas formações em Agricultura Sustentável relatam que a sua produtividade e renda melhoraram imenso, nos últimos tempos. Isso é visível mesmo quando fazemos o nosso trabalho de monitoria de rotina para averiguar o estágio dos vários projectos nos quais estamos envolvidos. É mesmo um feedback satisfatório.

BF - Este ano, a pandemia da COVID 19 teve momentos de pico muito sérios. Que impacto isso trouxe para a actuação da ABIODES?

(AL) –Primeiro é preciso recordar que este problema não afectou só a ABIODES. É um problema geral de todos, em todo o mundo. Vários sectores de actividade se ressentiram do problema, com efeitos nefastos que se caracterizam pela queda de produtividade. A actividade agrária, nosso campo de actuação, não ficou alheia a este problema. Mas note que a agricultura é a base de sustento e desenvolvimento. Então, a produção nunca parou como em outros sectores. Dentro das limitações impostas, sempre estivemos no terreno para assistir aos agricultores, que nunca deixaram de produzir. Agora, institucionalmente a coisa já é diferente. A ABIODES vem se adaptando a nova realidade de restrições impostas pela pandemia de COVID-19, procurando, no decurso das suas actividades, seguir as medidas emanadas nos decretos anunciados para a contenção do novo Coronavírus. Por exemplo, com os beneficiários e parceiros, a ABIODES procurou manter encontros obedecendo aos limites recomendados. Também disponibilizamos água e sabão/detergente ou álcool em gel para que todos pudessem desinfectar as mãos e instituímos o uso obrigatório da máscara nas nossas instalações e nos locais onde mantivemos encontros.A nível dos colaboradores foram reforçadas as medidas de prevenção, partilhando e esclarecendo os decretos Presidenciais sobre o Estado de Emergência e, depois, de Calamidade Pública. Por outro lado, adoptamos um modelo de trabalho de rotatividade privilegiando os meios digitais para trabalhos em formato virtual.

(BF) - Para o resto do ano, o que está previsto?

(AL) -Para o próximo período, está programada a partilha de resultados das auscultações feitas para uma preparação do Plano da Agricultura Urbana, a continuidade do fortalecimento do desenvolvimento da agroecologia através da intervenção para aumento da adoção desta prática. Por outro lado, queremos continuar a apoiar tecnicamente e reforçar em competências as associações agro-pecuárias que operam nas cidades de Maputo e Nampula para além de fortalecer as iniciativas juvenis de geração de renda no agro-adaptiopelo menos aqui na capital do país.